Somos assim: somos o que pensamos, o que sentimos...e somos acima de tudo, aquilo em que acreditamos!
Nossos ídolos são nossos espelhos...refletem nossa alma, e nos levam ao encontro de nossos desejos, nossos sonhos, nossas fantasias, nosso eu mais profundo...e nos tornam muitas vezes mais fortes, porque acreditamos neles!
Somos assim: sedentos por nos apaixonar, por acreditar, por nos sentir vivos...e é isso que nos torna seres tão incrivelmente sedutores e apaixonantes!

domingo, 30 de setembro de 2007

Espelho, espelho meu.


Há certos dias em que parecemos ser outra pessoa ao acordar.
Bel era uma mulher comum, ao longo dos seus 37 anos já havia passado por muitas situações difíceis, e outras tantas insuportáveis. Agora, vivia um momento de calmaria, porém, uma rotina diária que parecia não mudar nunca. Era sempre o mesmo pálido, o mesmo “sem cor” todos os dias.
Cumpria uma rotina uniforme. Levantava-se as seis, tomava um rápido café, pretinho, básico, sem acompanhamentos, e saía para o trabalho. Era responsável pelo setor de relacionamentos de uma empresa de médio porte e morava sozinha já há algum tempo.
Naquele dia Bel acordou com uma energia diferente, uma vontade imensa de sentir-se bela, um desejo quase incontido de viver intensamente.
Olhou-se no espelho, com o qual não mantinha uma relação muito amigável, e viu-se com outros olhos, desejou ser vista daquela forma pelas outras pessoas, e foi ao guarda-roupa disposta a escolher algo que valorizasse o que havia de belo e atraente em seu corpo. Escolheu uma saia estilo secretária, justa, preta, um pouco abaixo dos joelhos, que deveria ser acentuada pela blusa branca, de seda fina e um transparente sutil e ao mesmo tempo revelador. Por baixo da blusa, um lingerie delicado e sensual, branco, que deixava à mostra o colo, bem definido. Calçou um scarpin preto, discreto, maquiou-se de forma sóbria, porém destacando bem os lábios grossos e carnudos, típicos de sua afro-descendência.
Bel havia a tempos optado pelo uso do metrô e do ônibus, já que morava numa grande capital, São Paulo, e de carro teria que enfrentar todos os dias um trânsito irritante e estressante, para o qual ela não tinha a menor paciência. Apesar da lotação dos ônibus, ela não se importava. Gostava de ter os olhos livres para observar as pessoas, os olhares, a mecânica quase incompreensível de uma grande cidade.
O ônibus como sempre lotado, fazia transpirar cada centímetro de seu corpo, e, quase sem notar, aquela situação lhe fazia imaginar coisas, os quarenta minutos de viagem tornavam-se intermináveis quando sua imaginação alçava vôo.
Sonhava com encontros românticos, uma paixão avassaladora, como as que costumava ler nos romances que adorava, com um amor digno dos grandes poetas, mas com pitadas de sensualidade e erotismo, que lhe causavam arrepios. Era uma mulher intensa e cheia de sonhos.
Sem que se desse conta, numa das paradas do ônibus, alguém que entra lhe chama a atenção de forma especial. Um homem alto, forte, de uma morenice encantadora. Uma beleza incomum, sem os tons da moda, mas com algo que mexia com sua imaginação. Talvez o olhar, que parecia ter um brilho especial, terno, suave, e prendia a atenção de uma forma estranha lhe fazendo sentir arrepios. O aperto do lotação fez com que aquele estranho viesse parar bem perto dela, ficando logo atrás; era possível sentir sua respiração, seu corpo quente, e foi impossível conter a excitação que aquilo lhe causava. Novamente os arrepios.
Numa viagem longa assim, em uma cidade como São Paulo, muita coisa pode acontecer. De repente, uma chuva forte, o céu parece desabar bem típico do clima da cidade. Bel descia num ponto meio distante do trabalho, teria que andar um pouco debaixo daquele temporal, e chegaria toda molhada; uma pena depois de toda aquela produção. Dias assim lhe fazia lamentar por não usar o carro.
Ao se aproximar do ponto, seu companheiro de viagem, aquele estranho encantador,percebe que Bel dera o sinal da parada, e pergunta ao seu ouvido, quase sussurrando: “Você vai descer nessa chuva?” Novamente os arrepios, ela não conseguia responder, estava atônita com o contato inesperado, no máximo consegue responder um sim acenando com a cabeça. Bel vai em direção à porta do ônibus, prepara-se para descer, e percebe que é seguida. Seu novo amigo, desce com ela, e, num gesto quase inacreditável, retira sua jaqueta de couro, e a coloca sobre seu corpo, cobrindo-a delicadamente, e segurando-a quase num abraço.
Olham-se por um instante, e, num rompante, beijam-se em meio à correria de dezenas de pessoas atrasadas e apressadas para começar suas rotinas. Nada pára, o movimento continua a vida continua, mas para aqueles dois estranhos os ponteiros do relógio decidem que é hora de um descanso, o Sol decide demorar um pouco mais a se levantar, e, apenas brinda o dia com lampejos dos seus raios, em meio aquela chuva repentina.
Bel lembra-se de uma das suas cenas preferidas do cinema, uma das mais sensuais que já assistira, imagina-se nela, está em êxtase, coração acelerado, pelos eriçados, um transe incontrolável.
De repente, é puxada pela mão, é levada por seu adorável estranho a um beco, um lugar feio, sujo, medonho, um refúgio excitante aos amantes insanos e inconseqüentes. Vivem ali um momento de total entrega, uma loucura jamais imaginada, mas muitas vezes desejada, por aquela mulher sempre tão sensata e centrada, cumpridora dos seus deveres e compromissos. São levados ao ápice do desejo, explodem junto num gozo incontido e jamais experimentado. Bel não sabe sequer o nome daquele homem, mas entrega-se ao deleite daquele momento como se o conhecesse a anos, e como se aquele fosse o seu momento, a sua paixão tão esperada, o seu amor que chegou finalmente.
Mas são cruelmente interrompidos por um som estridente e ensurdecedor.
Trriiimmmmmmmmmmmmmmmm!!!!!!! Maldito despertador destruidor de sonhos!
Acorda Cinderela, o sonho acabou! Hora de ir para o trabalho.
Enfim, vida que segue!

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Meu jardim - Vander Lee

Uma deliciosa inspiração de última hora.





quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sobre (naturalmente) humana

Muitas vezes nos encontramos perdidos entre sombras e fantasmas que ficam arquivados na nossa memória. Nem sempre temos o resgate imediato desses registros, mas há momentos e situações que nos trazem á tona esses fragmentos, estilhaços, restos, que foram um dia afundados e, pensava-se, estarem para sempre esquecidos no mar das nossas lembranças.
Fui criança caseira, menina tímida e acanhada, criada nos moldes antigos e reservados da uma família humilde e politicamente correta.
Até os cinco anos, vivi num bairro simples, na cidade de Santo André (ABC paulista), vêm daí os meus primeiros fantasmas.
Numa rua com muitas crianças, uma época em que não se fazia muito calor naquela cidade, nas poucas e raras noites quentes, ou amenas, reuniam-se (as crianças) na calçada para brincar.
Passa anel, telefone sem fio, balança caixão, histórias de horror! Como era gostoso e ao mesmo tempo aterrorizante falar em fantasmas, almas penadas, monstros. Quem nunca teve esse gosto mórbido, que solte o primeiro grito, ou o primeiro uivo!
Não podia faltar entre as crianças daquela época, os mitos, as lendas, as histórias que os pais contavam quase sempre a fim de abrandar as almas inquietas e sapecas dos filhos.
Na nossa rua, no começo (ou no fim), nunca sei onde começa ou termina uma rua, havia um casebre muito velho, aparentemente abandonado, num terreno feio, todo desbarrancado e cheio de mato, onde diziam morar um velho feiticeiro mal e que não gostava de crianças.
Acho que aquele foi o meu primeiro fantasma. O segundo, veio logo após, e em conseqüência dele.



Estávamos numa dessas noites, sentados na calçada brincando, e falando do velho feiticeiro. Eu era uma das menores, devia ter uns quatro anos, mais ou menos, e morria de medo, apesar de nunca demonstrar, leonina valente que era.
Já escurecia, e mamãe nos chamou para entrar. Aterrorizada com as histórias, e doida para entrar logo, olhei para a Lua, buscando conforto em sua luz que ainda mantinha na rua um tico de claridade. Deparei-me então com meu segundo fantasma. Para meu desespero, a bela Lua havia se transformado num monstro horrendo, com chifres, olhos vermelhos e língua de fogo. Claro que tentei contar aos outros, maiores que eu, apontando o monstro e tentando convencê-los de que aquilo não era fruto da minha imaginação, muito menos do meu pavor. Sem sucesso, fui obrigada a entrar em casa, sentindo que aqueles olhos vermelhos iriam me seguir, por onde eu passasse.
Hoje, já sei que o velho feiticeiro era apenas um homem solitário e mal humorado provavelmente por causa das agruras da sua pobre vida, mas a Lua monstruosa, aquela que nunca mais me saiu da memória, tenho certeza, não foi fruto da minha imaginação fértil, muito menos do medo que eu fingia não ter, foi real, eu vi, e foi meu primeiro contato com o mundo sobrenatural, e o último, eu espero.



Situações diversas e muito além da imaginação de uma menina “avoada”como eu, fizeram com que nos mudássemos para o interior, onde moravam meus avós maternos.
Ali tive meu terceiro contato com o mundo sobrenatural, ou o que eu julgava sê-lo.
Família católica e tradicional, em cidade do interior, raramente recorria a médicos, sem antes buscar ajuda entre rezadeiras e benzedeiras. E estas foram, por algum tempo, fantasmas da minha meninice.


Morria de medo daquelas pessoas, que ficavam me olhando, sussurrando um não sei que de coisas, passando folhinhas pelo meu corpo, me fazendo o sinal da cruz na fronte, aspergindo com uma folha molhada a minha cabeça e a minha roupa. Seu Chiquinho, dona Zulmira, Felipe Manhoso, pessoas estranhas e cheias de mistérios.
Hoje, levo meus filhos ao médico, e tenho que fazer um relatório detalhadíssimo, se quiser que o Doutor chegue a um diagnóstico razoável e aceitável. Naquela época, levava na benzedeira, e pronto, “tirava com a mão”, como diziam os mais antigos.


Fé da rezadeira? Ou fé da minha mãe? Ou uma conjunção de crenças e ungüentos, que possuíam um misterioso poder curativo?
Ninguém sabe, ninguém viu, o certo é que essas personagens me assustavam profundamente.


Hoje, compreendo que existem pessoas realmente iluminadas, com tal pureza de espírito e amor fraternal, que são capazes, sem nenhum conhecimento intelectual, de compreender os mistérios e segredos desse universo que rege nossa existência, a tal ponto que chegam a exercer sobre ele, certa soberania, curando, consolando, trazendo paz e alento em momentos de dor e sofrimento. E, sem pedir nem exigir nada em troca, a não ser, que se tenha fé nesse poder curador e restaurador, a quem damos o nome de Deus.
Recentemente estive á procura de uma dessas rezadeiras. O descontentamento com nosso sistema de saúde, e os lampejos de fé, herdados das anciãs da família, me faz por vezes resgatar o passado. Sem sucesso. Elas não existem mais, ou quase não existem, assim como a fé, que parece escoar entre nossos dedos, fugir aos nossos olhos, abandonar nosso coração cansado.



Em reuniões de família, eram comuns os causos e histórias do passado. Muitas dessas, sobrenaturais e cheias de mistério. Como a história da Pisadeira, contada por uma das tias. Meu quarto fantasma.


Uma alma penada, que, se fizéssemos estripulia, viria nos visitar a noite. Chegava arrastando os pés, e balançava violentamente a cama. A única maneira de afastá-la, era rezando um creio em Deus pai (credo), até o final. Se parássemos no meio do caminho ela não iria embora, teria que rezar até o fim. Enquanto a tia contava, ficávamos de olhos atentos, assustados, morrendo de medo.
Chegava à hora de dormir, suspense, terror, medo. Por muito tempo senti minha cama balançar quando ia me deitar, e rezei, pelo sim e pelo não, vários credos. Nem sempre chegava ao fim, vencida pelo sono, mas conseguia espantar a tal alma que me atormentava e me tirava o sossego.



Ainda hoje tenho meus fantasmas pessoais e secretos. Sombras que passam de relance aos meus olhos, pequenos sons que vêm não se sabe de onde, geralmente à noite, quando todos dormem, e ficamos apenas eu e meus pensamentos. Nada que me tire mais o sossego, ou o sono, ou chegue a me atormentar a alma, apenas companheiros silenciosos nos momentos de solidão.



Com a entrada na adolescência, vieram os mitos da escola. E com eles, o mais conhecido e tradicional: a loira do banheiro. Meu quinto fantasma. Uma moça loira que havia sido assassinada em uma escola. Desde então, passou a assombrar os banheiros e os alunos, com suas aparições misteriosas, seu aspecto medonho, cheia de algodão no nariz, e sangrando muito. Algodões espalhados pelos banheiros, molhados em algum líquido vermelho, compunham um cenário medonho e aterrorizante, que confundia os mais medrosos, e criava um clima entre os alunos, que ia do medo à zombaria.
Mesmo já sabendo que se tratava de uma lenda, um mito, não custava nada examinar os banheiros antes de acomodar-se, e, quando possível, a prudência e o pavor, faziam-nos optar pelas turminhas. Assim, unia-mos nossos medos, e enfrentávamos a tal assombração. O que muitas vezes, acabava tornando-se uma boa farra.
Ainda hoje se fala na loira do banheiro. Porém agora, mais em tons de zombaria do que pavor. As assombrações de hoje são um pouco di
ferentes. Mas volto a elas depois.



Com a entrada na puberdade, a maturidade vem acompanhada de alguns fantasmas reais. Passa-se aqui, a entender melhor certos percalços da vida, e a sentir mais as perdas. As mortes de entes queridos passam a fazer parte das nossas lembranças, e a compor um sentimento de medo do desconhecido. Minha sexta experiência sobrenatural vem com essas perdas.
Perder alguém que se ama, e, de quem vai sentir-se a ausência como uma lança, a estocar o peito, nos faz muitas vezes desejar esse contato. Algo que nos traga um consolo, que torne menores a dor e a saudade, que nos dê sinais de um possível reencontro, que nos aquiete a alma e nos faça embalar essa dor, até que ela cesse, ou pelo menos, torne-se suportável.
Minha primeira perda realmente sentida vem com a morte do avô materno. Alguém cuja presença em minha vida, teve um valor sem medidas, mas do qual só me dei conta, após sua partida.
Por muitas vezes, desejei este encontro. Meu desejo suplantava o medo do deconhecido, do sobrenatural; o encontro não aconteceu, pelo menos não no plano material (ou imaterial), mas a alma aquietou-se, as lembranças boas se sobrepuseram ao sentimento doído da perda, e aos poucos, o coração tem aprendido a sentir essas dores, sem ressentir-se da crueldade do destino.



Com o passar do tempo, com a maturidade que chega muitas vezes a fórceps, feito um parto forçado e traumatizante, nossos fantasmas tomam forma e materializam-se. Perdem a inocência e tornam-se nossos inimigos reais.
Diante da violência do mundo moderno, e, vivendo num clima de insegurança e medo reais, conheci meu sétimo fantasma. Talvez o mais real e pavoroso.



Vivi com minha família momentos de extremo terror, sessenta minutos de medo, pelos quais vi passar o filme da minha vida, nos quais resgatei inconscientemente, grande parte da minha fé, (em Deus), e onde também perdi um bom tanto dela (nos homens).
Um assalto à mão armada, felizmente sem conseqüências mais graves, mas que nos trouxe um medo lactente, um clima de insegurança insuportável, e uma tristeza irreparável pela decadência do amor e respeito ao ser humano.
Por muitos dias dormimos amontoados, os cinco membros da família, num único quarto, de portas fechadas, passamos a nos recolher mais cedo, hermetizamos nossa casa com cadeados em todas as janelas e trancas nas portas, passamos a desconfiar das nossas próprias sombras. Senti saudades do velho feiticeiro, da lua tenebrosa, da loira do banheiro.
Felizmente, aos poucos a sensação de medo foi abrandando, mas não sem antes tomarmos como providência emergencial, a contratação de um guardião valente que nos protegesse do perigo, no caso, uma guardiã, uma cadelinha simpática e sem pedigree, amiga e co
mpanheira, que amenizou um pouco do pavor, e trouxe um tanto a mais de sossego à nossa casa.
Ao contrário dos outros fantasmas, este, não vai embora, não vai tomar forma de lembrança do passado, faz parte dos tempos modernos, e vai continuar a nos assombrar pelo resto de nossas vidas, ou, até que um milagre faça tocar o coração do homem, a ponto de fazê-lo perceber quanta riqueza se perde, quando se coloca o ouro (de tolo), acima dos bens naturais e preciosos da alma humana.



Mas os tempos modernos também nos trazem outros tipos de fantasmas, aqueles com os quais se pode vencer a teimosia e empáfia dos filhos, ameaçando e aterrorizando, ou por outra, tirar o sossego de pessoas normais, como donas de casa, totalmente dependentes de certos confortos da vida moderna.



Prive o homem moderno de suas necessidades materiais, e pronto! O terror está instalado. Tire o celular do trabalhador, da dona de casa, do estudante, e pimba, que medo! Tire o computador dos filhos, da dona de casa, do executivo, advogado, professor, e pow! Medo!
Meu cunhado vem para mim e diz: “Mônica, o pc está precisando formatar!” Isso significa alguns dias apenas sem ele, nada grave.
Um piscar de olhos, uma fração de segundo, e será preciso um pé de cabra para me desgrudar do bichinho. Deixa o coitado cheio de vírus, lento feito uma tartaruga, maluco de pedra, mas não o tire de mim, não me prive da sua companhia, isso não.
Como disse Vanessa da Mata: “Eu tenho medo do escuro, tenho medo do inseguro, dos fantasmas da minha voz!”.


Rivaldo Barboza é o autor da ilustração deste texto, chamada Ghost. Veja mais aqui.

domingo, 23 de setembro de 2007

Teu corpo, meu porto



Ah, que azul encantado, nesse horizonte encarnado!
Ah, que profundo dourado a luzir n'alma minha!
Ah, que alegre bordado , no meu sol enredado!
Que visão é essa, que meu coração alcança?
que sensação é essa a que meu corpo se lança?
que poder é esse, que em mim se aninha,
fazendo de mim pobre andorinha,
perdida , medrada e deslumbrada, sem rumo , sem tino, sem nada?

Ah, valei-me meu pai do céu, estou a arfar feito bicho,
cansado, escaldado, esfolado, catando restos no lixo,
estou a sofrer e arder, febril e sem nada entender,
estou a virar os olhos, fremindo, espasmando,
perdida entre restos de gestos, arrepios indigestos.
Desconheço meus contextos, desfaleço meus sentidos,
divago, desfaço o bordado, destilo o amargo,
me perco, me encontro, me descontrolo,
ah, me vejo sem mim, me desolo, de mim escarneço.

Pobre alma essa, perdida. Ai de mim, que padeço esse mal!
Será esse o fim de uma vida? Ou será o começo de tudo?
Esse amor não seria meu contento? Não devia trazer-me alento?
E por que esse visgo n'alma, que dilacera me tirando a calma?
Em que momento fiz valer tal dureza, esse tormento, este torpor absurdo?
Se me encontro, logo me perco, se me aprumo, logo despenco.
Não tenho trilhos sob meu pés, vivo ao relento, vivo ao revés!
......................................................................................................................................................................

Mas que consolo, me vem de súbito? Que calmaria, que doce euforia?
Quem vem lá? Quem me convém? Não vejo nada, é noite já,
mas tenho n'alma um sopro ávido! Um acalanto, um toque mágico.
Uma alegria de pele alva, um palpitar num lânguido olhar,
é meu amor, meu condor, meu leão faminto, meu absinto!
Vem socorrer-me, devolver-me a calma, vem abrandar-me a alma!
Vem me fazer princesa, sua amante, sua presa.

Agora, o mar que era revolto, é maresia, torna-se outro.
E eu me ponho a navegar, a velejar em águas límpidas,
e a sonhar os meus tesouros, buscando porto em longos braços,
fazendo versos, fazendo rimas, sendo poesia em teus abraços.

34 anos sem Neruda

Hoje, peço lincença aos meus amigos, leitores e visitantes, e cedo meu espaço, minha voz, minha alma, ao amor maior, cantado em verso maravilhosamente por ele.

No dia 23 de setembro de 1973 morria o poeta Pablo Neruda, de câncer. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1971, o escritor tem em sua obra livros como "Versos do capitão", que chegou ao Brasil em 1992 e conta um amor proibido. A história foi vivenciada pelo próprio Neruda, que mantinha um relacionamento enquanto casado. O nome da musa era Matilde e o autor se separou da mulher para ficar com ela até o fim da vida. Parte da vida de Neruda foi retratada no filme "O Carteiro e o Poeta", em 1994.

Segue abaixo, um vídeo com um dos seus mais belos poemas, e a tradução.

Poema 20

Poema 20

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.


Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo.

Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo.

sábado, 22 de setembro de 2007

Voo rasante

Meus olhos observam atentos
as folhas caindo ao vento,
outono dos meus pensamentos.
Eles me vêm feito as folhas
que caem, que dançam, que planam,
soltas e leves, ao sabor do tempo.

Agora eles se fecham,
inspiração, respiração, absorção,
absorvo os sinais dos tempos,
inspiro os ais, os lamentos,
respiro os aromas, respiro idiomas,
a(condicionamento).

Crio asas, voo rasante,
espio do alto tons e sobretons,
acelero, recuo, pondero.
Num horizonte infinito me lanço
grito, repito, me canso,
e não descanso,
sigo sem rumo, ouço sons,
pre(sentimento).

Vou em busca, de nada ou de tudo,
me faço ouvir, ou mudo.
Faço parte de um todo, faço pouco,
sou a parte que me cabe,
ou a metade esquecida,
sou mero sopro de vida,
chegada ou partida,andança,
insanidade, lucidez, meio termo,
des(esperança).



sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Labirinto


Tenho vc aninhado
qual pássaro acanhado
instinto
entre os meus seios perdido
feito menino faminto
pecado
viajo num transe crescente
feito uma estrela cadente
caindo
meu corpo teu corpo sente
minha alma da tua depende
me sinto
sou corpo celeste vibrante
sou átomo viandante
labirinto
me perco
me encontro
pressinto
te sinto
meu
adormeço.

Bem me quer, mal me quer




B E M M E Q U E R

sol, calor,
chuva fresca,
beijo, te vejo, desejo.

M A L M E Q U E R


ventania, maresia,
turbulência,
devaneio, pesadelo,
medo,ausência.

B E M M E Q U E R

brisa, inspiração,

calmaria, poesia,
rima com rima,
olhar, sonhar, encontrar.

M A L M E Q U E R

tempestade, tufão,

explosão, sentimento,
ilusão, lamento,
desilusão, sofrimento.

B E M M E Q U E R

sol,calor,
chuva fresca,
respiração, palpitação,
flores, cores, A M O R E S,

P R I M A V E R A.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

A menina dos meus olhos



A menina dos meus olhos,

tem nos seus, os olhos meus

tem na cor, do cinza ao púrpura,

explendor,pavor,beleza,

ódio, amor e dor,

tristeza,

tristeza

e tristeza.

Tem a certeza da vida,

tem esperanças perdidas,

tem um quê de moça triste,

de anciã já cansada,

de mulher mal amada,

de donzela apaixonada.

Tem nos seios maltratados,

uma fonte de pecados,

uma jazida de sonhos,

sonhos de filhos amados.

A menina dos meus olhos,

me deu abrigo e sustento,

acalantou meus desejos,

me fez mulher sem destino,

me fez Maria sem tino,

me encantou com seus beijos,

abraços desajeitados,

e carinhos mal acabados.

A menina dos meus olhos,

se perde em curvas e trilhos,

suas ruas empipocadas,

suas crias apressadas,

travessas e ladeiras,

morros e ribanceiras,

paulicéias desvairadas.

A menina dos meus olhos,

se perde em suas alcunhas,

já foi terra da garoa,

para muitos prometida,

hoje é Sampa, numa boa,

ou simplesmente São Paulo,

São Paulo de arranhacéus,

São Paulo de muitos céus,

São Paulo, de Zés, de Raimundos,

São Paulo, sempre São Paulo,

tantas vidas, tantos mundos,

São Paulo sem fronteiras,

de rios e corredeiras,

para mim apenas menina,

menina desajeitada,

menina que se perdeu,

menina amada, odiada,

menina dos olhos meus.

Entre Pagus e Joanas, Evitas, Marias e Anas, sou apenas Eu, perdida ou achada, redimida ou condenada, dona de mim e mais nada.


Pagu
Maria Rita Rita Lee / Zélia Duncan

Mexo, remexo na inquisição.

Só quem já morreu na fogueira,

sabe o que é ser carvão.

Eu sou pau pra toda obra,

Deus dá asas à minha cobra.

Minha força não é bruta,

não sou freira nem sou puta.


Nem toda feiticeira é corcunda,

nem toda brasileira é bunda.

Meu peito não é de silicone,

sou mais macho que muito homem.


Sou rainha do meu tanque,

sou pagu indignada no palanque.

Fama de porra-louca, tudo bem,

minha mãe é Maria ninguém.


Não sou atriz, modelo, dançarina.

Meu buraco é mais em cima.

domingo, 16 de setembro de 2007

Ocaso

Flap ,flap, flap,...

e as asas da borboleta cintilam e flutuam

em direção ao acaso

em direção ao ocaso

o acaso que trouxe o vento

que trouxe a tempo

o ocaso do esquecimento,
antes porém que esse,

deixasse cair no vão

deixasse rolar ao chão

cacos de pensamento,

pedaços, fragmentos,

meus...

ou das asas minhas.




terça-feira, 11 de setembro de 2007

E por falar em cinema...

Algumas curiosidades que acabei de encontrar:


-
... E o Vento Levou, de Victor Fleming, de 1939, foi o filme mais visto em todo o mundo: cerca de 120 milhões de pessoas assistiram à história de amor protagonizada por Clark Gable e Vivian Leigh.



-
O filme que usou maior número de figurantes em toda a história do cinema foi Gandhi, 1982, de Richard Attenborough: mais de 300.000.



-
O filme que teve mais beijos em toda a história do cinema foi Don Juan (dirigido por Alan Crosland, em 1926). Durante uma hora e cinqüenta e um minutos de duração da história, os atores John Barrimore, Mary Astor e Estelle Taylor beijavam-se 127 vezes.



-
Charles Chaplin resistiu bravamente ao cinema falado e, apenas treze anos depois de seu surgimento, o cineasta deu voz a seus personagens em O Grande Ditador/The Great Dictator, de 1940.


Veja mais aqui

Viver é uma arte!



A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Nunca
sei ao certo. O mais certo, no entanto, é que alguém deve ter mexido no meu roteiro.

Sequestraram o meu príncipe encantado, ou então
caçaram o sapo, que deveria vir a ser o tal, ou, roubaram o bilhete premiado, cancelaram o baile, deram o endereço errado à fada madrinha, ou deram um tombo na figurante, ao invés de jogar à mim, aos pés do galã.

Vai ver até, que me confundiram com a vilã, e me
deram o fim trágico e malfadado que a ela caberia, e, nesse caso, valha-me Deus...o pior ainda está por vir. Acho melhor interromper as filmagens, cortar a verba, assassinar o diretor e o roteirista...convém nem saber como vai acabar essa história.

Ou, talvez o melhor mesmo seja acordar do sonho, e
compreender, que nem uma coisa nem outra, na verdade, VIVER é uma arte, e o final feliz, nada mais é, do que uma consequência para quem soube escrever bem seu roteiro.

Pois é, prancheta na mão, canetinha na orelha,
olhos atentos na vida, e vamos lá...tenho um roteiro inteirinho a reescrever.

Que os Zeffirellis, Scorceses, Glaubers,
Babencos, Almodovars, e os demais monstros da sétima arte, me iluminem, me inspirem, e tenham pena de mim.

Amém.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Pudim da vó Vina...gostinho de saudades!





Ontem foi dia de almoço em família. Coisa rara nos últimos tempos, desde que a nona se foi.

Não, não é uma família tipicamente italiana, do tipo que chama avó de nona, falei assim, nem sei porque. Meu italianês paterno, dá o ar da graça vez ou outra, só prá não negar a raça. É uma família tipicamente brasileira do lado materno. Cheia de problemas, controversa, encrenqueira, bagunçada, mas que se ama, e conserva a necessidade de cultivar lembranças e saudades, como se fossem nossas raízes, fincadas ao chão, e nos mantendo de pé.

Foi dia de falar dos banhos no tanque, todos os netos já passaram por lá, num tempo em que piscina era privilégio de muito poucos, o tanque da "vó Vina" era nosso consolo...nosso alívio em dias quentes, tão comuns por aqui. Aquele tanque tem histórias prá contar.

Dia de falar do relicário da família, da forma de gelo, incrível, que sobrevive à quase quarenta anos, ou talvez até mais, com o alumínio brilhante e amassadinho, e com um cortador de gelo ímpar, ninguém tem um desses; pior, ninguém consegue, nem conseguiu nunca manusear o bendito como se deve, é tão perfeito que chega a ser um desafio prás mentes moderníssimas e avançadas. Impecável.

Ah, e o melhor de tudo: dia de comer a sobremesa mais deliciosa das nossas vidas.

O "creme" da vó Vina, sim, creme, pudim não, tem cara de pudim, gosto de pudim, consistência de pudim, mas não é pudim, e ai de quem o chamasse assim. É creme, inigualável. Felizmente, uma das netas conseguiu aprender na prática a receita, e não deixou que ela se perdesse da nossa memória gustativa.

Não tinha essa de ficar anotando a receitinha, tinha que "por sentido", aprender observando e ajudando a fazer. Tinha que ter capricho, cozinhar para a vó Vina, era uma arte, mais que isso, era um dom, de Deus, e por isso, era um momento de extremo zelo e cuidado. Dava gosto vê-la cozinhando, e justamente por isso, dava gosto comer seus quitutes. Mesmo que o menu fosse um simples e trivial arrozinho, com feijão e jiló. Acredite se quiser, esse trivial dá água na boca, e muita saudade. Essa receitinha, é deliciosa...e tem muito, mas muito sabor de quero mais.


Creme da vó Vina

Ingredientes:

1 pacote de coco ralado

6 ovos

7 colheres rasas de farinha de trigo

11 colheres cheias de açúcar

1 lata de leite condensado

1 litro de leite

Preparo:

Bater no liquidificador o coco(reservando um pouco pra´decorar o creme), o açúcar, o leite condensado e os ovos. Bater bem, para não ficar com o gosto do ovo. Colocar um pouco de leite e a farinha, e ir misturando.

Obs: o leite tem que ser colocado aos poucos, pois a receita rende dois cremes, e não cabe toda no copo do liquidificador. Tem que se usar um recipiente auxiliar para ir misturando tudo.

Fazer uma calda, de açúcar, rala, para untar as formas. Despejar o creme, e cozinhar em banho maria. Depois de pronto, e frio, desenformar e salpicar o restante do
coco.

Pronto, é de comer ajoelhado!!

Bom apetite!

Voa, voa borboleta, voa, voa liberdade! Nas asas da minha saudade!

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sábado, 8 de setembro de 2007

Isso aqui ô ô, é um pouquinho de Brasil, iá iá!!!




Turistas de SP erram caminho para o Cristo no Rio e são assaltados

Polícia suspeita que criminosos da favela Cerro-Corá adulteraram a sinalização. Órgão vai trocar placas pichadas e repor aquelas que foram furtadas.
Um grupo de turistas de São Paulo foi assaltado neste sábado (8) no caminho para o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, depois de errar o caminho.

Os turistas reclamaram que o erro aconteceu porque a placa que deveria indicar o caminho correto foi danificada. A polícia suspeita que criminosos da favela Cerro-Corá, uma comunidade que fica na subida do monumento, no Cosme Velho, tenham adulterado a sinalização com o propósito de assaltar turistas que visitam a região.
A equipe da CET-Rio, órgão da Prefeitura, vai percorrer o caminho de subida do Corcovado, no Cosme Velho, Zona Sul do Rio, já na próxima segunda-feira (10) para verificar a sinalização no local. O trabalho tem como objetivo avaliar a necessidade de trocar placas de sinalização que estejam danificadas ou adulteradas e repor aquelas que tenham sido furtadas.

O Corcovado foi eleito no dia 7 de julho uma das novas sete maravilhas do mundo. A estátua, feita de pedra-sabão, é considerada patrimônio histórico desde 1937.
"Um dos mais famosos e conhecidos pontos turísticos do Brasil. Um patrimônio e um orgulho para o país, agora vira motivo de chacota graças à ação de bandidos, que mais parecem ser A LEI na "cidade maravilhosa".
Turistas de São Paulo, que estão acostumados aos riscos e à violência nas ruas, em passeio de fim de semana, vivem uma situação que seria cômica se não fosse trágica.
E, tal qual pais de primeira viagem, que não sabem que o melhor para seus filhos é agir com autoridade, e ensiná-los o que pode e o que não pode, e acabam por mudar toda a rotina e organização da casa, colocando no alto coisas perigosas, e que não podem ser mexidas pelos pequenos, nossos administradores, muito competentemente, vão subir a altura das placas de sinalização, gastando milhares de reais que poderiam ser muito melhor empregados em outras necessidades da cidade, para evitar os atos de vandalismo.
Estamos na era do "salve-se quem puder"!
Por precaução, não saia de casa sózinho, de preferência, evite estar fora de casa depois das 22 horas. Mas o melhor mesmo, é pegar um dvd, assistir um filme, estourar uma pipoquinha, e NÃO sair de casa.
Mas também, não esqueça de colocar o cadeado no portão, ativar a cerca elétrica, soltar o cachorro, ligar o alarme, e trancar bem as portas e janelas.
Oriente os filhos a não conversar com estranhos, ou melhor, não deixe seus filhos na rua, nem no playground sem você. Muito menos na pracinha. Melhor mesmo, é comprar um computador, e deixá-los jogar e brincar no mundo virtual, que é bem mais seguro. (???)
Bem, se você não tem aparelho de dvd, nem vídeo cassete, não tem cerca elétrica, nem alarme, nem mora em condomínio com play, e nem tem computador para seus filhos, deixe-os livres, viva sua vida, acenda muitas velas, tenha fé em Deus, e conte com um bom bocado de sorte."











quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Eu hoje recebi uma visita ilustre...tem coisa
mais linda do que um beija-flor?

Esse é desenho de um amigo, e veio colorir um
pouco mais meu espaço.



Beija-flor Por Eros

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Comunismo fashion...um contrasenso necessário.

Pequim tem desfile de moda feita de camisinhas


Vestidos e biquínis desfilaram em evento na China. Feira tem o objetivo de promover o combate a Aids.

Camisinhas de todas as formas e tamanhos foram mostradas nesta quarta-feira (11) em um desfile de moda em Pequim com vestidos, chapéus e até mesmo pirulitos. Modelos passavam entre extravagantes efeitos especiais de bolhas de sabão para exibir vestidos de noiva, biquínis extravagantes e outras peças feitas inteiramente de camisinhas, infladas ou não.

O desfile aconteceu na 4ª Feira de Novos Produtos e Tecnologias Reprodutivos da China e foi organizado pela Guilin Latex Factory, a maior fabricante chinesa de camisinhas, para promover a prevenção e o combate ao HIV/Aids.

O evento também foi promovido em homenagem ao Dia Mundial da População, organizado anualmente pelo Fundo Populacional das Nações Unidas.

Com uma população atual de 1,3 bilhão de pessoas, a China introduziu uma política rígida de filho único no final dos anos 1970, pela qual muitos casais não são autorizados a ter mais de um filho. "Um filho não é o suficiente - dois é um número melhor", disse o visitante Song Weiliang.

Mas o objetivo principal do desfile de camisinhas foi promover a conscientização do problema da Aids.
Originalmente a China qualificou a Aids de doença do Ocidente capitalista e decadente - um problema de homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas. Oficialmente, esses setores não existiam na China comunista. O país demorou, mas acabou despertando para o problema, e especialistas em saúde avisaram que o vírus agora está se espalhando pela população geral.

Mas, de acordo com especialistas em saúde, a escassez de educação sexual e a pouca abertura para se falar de sexo ainda constituem obstáculos ao combate à doença.

"Quando o assunto é Aids, ou educação sexual, não existe sistema de governo, autoritarismo ou imperialismo que resistam à necessidade de concientização e formação de cidadãos bem informados, e conscientes do seu papel e suas responsabilidades na sociedade. "



domingo, 2 de setembro de 2007

Ilha das flores

Ontem eu falei em flores...há muitos anos atrás, mostraram-me um vídeo, que nunca mais esqueci.
Ilha das flores, existe...é um pequeno povoado no sul do país, Porto Alegre, prá ser mais exata.
Apesar do nome, o que menos se vê nesse vídeo, são flores. O documentário mostra de forma irônica e com uma linguagem exageradamente detalhista, (proposital), as diversidades e injustiças de uma sociedade consumista e baseada no capital.
Chocante, e com uma pitada de humor negro, recebeu muitos prêmios , sendo considerado uma das melhores produções nessa categoria.
São dois videos, cerca de 13 minutos...13 minutos muito significativos.
Para mim, foi uma das melhores lições de vida que aprendi até hoje.
Aqui, o que determina o lugar do homem, ser humano, na cadeia alimentar, não é a sua formação orgânica, sua anatomia, nem tão pouco a posição que ocupa de predador, mas sim, seu status, e posição social e econômica.
Assistam, e comentem.

E por falar em flores...Ilha das flores parte1

E por falar em flores...Ilha das flores parte 2

sábado, 1 de setembro de 2007

Hoje eu pensei em flores...lembrei-me de uma música, e de um vídeo que vi há muitos anos atrás...a música tá aqui...o vídeo vem depois...a beleza tem contrastes muitas vezes chocantes!





Flores
Marisa Monte/Composição: Toni Belotto

Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro...
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
Embaixo do meu travesseiro...
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo...
A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes...
Flores!Flores!
As flores de plástico
Não morrem...