Somos assim: somos o que pensamos, o que sentimos...e somos acima de tudo, aquilo em que acreditamos!
Nossos ídolos são nossos espelhos...refletem nossa alma, e nos levam ao encontro de nossos desejos, nossos sonhos, nossas fantasias, nosso eu mais profundo...e nos tornam muitas vezes mais fortes, porque acreditamos neles!
Somos assim: sedentos por nos apaixonar, por acreditar, por nos sentir vivos...e é isso que nos torna seres tão incrivelmente sedutores e apaixonantes!
Filosofando
Acredito no saber nato
na intuição, no tato
na lida com o homem
ser complexo
por vezes desconexo
ora apaixonante
ora repugnante
controverso
Acredito no amor bruto
in natura, essencial
do seio materno
ao amor carnal
sentimento visceral
ora redentor
ora destruidor
mas sempre vital
Acredito no homem
ser iluminado
por Deus criado
inquieto
incompleto
inconsistente
imperfeito
obra inacabada
mero conceito
em busca do tudo
ou do nada
que o transforme
que o complete
que o faça perfeito
ou quase.
Acredito na vida
e por acreditar
existo...mais que isso
insisto...em
simplesmente
Ser.
Passarinhando (ou Quintaneando)
Foto: Dulce Helfer
O tempo é escasso e as horas são vaziashá tanto o que fazer...e o tempo passaO tempo é escasso e as horas são vaziasAs areias da ampulheta escorrem aos olhosO tudo se amontoa...e o tempo voanas horas vazias o nada me impregna O tempo é escasso e as horas são vaziasOs ponteiros do relógio nunca paramHá tanto o que fazer...e o tempo passaSinto-me cheia, plena, abarrotada...do nadaO tempo é escasso...mas as horas...as horas são tão vazias!A vida urge, o mundo urge, o amor urge!Tanto, tanto a fazer...e o tempo...passa...E as horas são vazias...e o tempo é escasso...e a areia escorre...e o nada se amontoae eu me sinto cheia...de tudo e de nada!Mas a vida urge...E o tempo voa...E o nada, e o tudo, e as horasPassam!Eu...passarinho!
O peso do mundo II

Garimpo em meio a escombrospedaços, restos, marcas, rastrosdo que um dia foi, pros ombroscansados...fardo pesado, infausto!Tirei dos ombros o peso do mundofiz-me de rogada, deixei-me largadarolou e desmanchou-se...submundoabaixo de mim...alívio, alma lavada!Mas levou-me a bancarrota...arrancoude mim pedaços...partes de pouca montasupunha na insana conta...nada restoua não ser a falta absurda, que afronta.O que busco nos escombros? Não sei.Há muito que nada sei...desde que deide ombros ao mundo...deixando ruir assimcom ele, partes...parcas partes de mim.
Nos teus braços

Suavemente adormeço...incólume, serenaenvolta numa querência tanta...tamanhaque não há dragões de fogo, ou gladiadoresnem monstros marinhos, ou desamorescapazes de perturbar uma paz tão plena!Sinto-me protegida...por teus braços enlaçadalivre de todo perigo...distante de todo temorpresa no teu abrigo...liberta por teu amor!Ah! Este abraço bendito!Grilhão em flores forjado...calabouço tão desejado!Prisão que me torna livre...nos braços do meu amado!

Hoje os meus olhos cruzaram mar
desbravaram um oceano sem fim
fitaram o azul dos olhos teus
que colhiam estrelas no céu
para enfeitar o meu jardim!
Ofertou-me os teus jasmins
num ramalhete de puro lume
flertou comigo, cobriu-me
entrelaçou-me em teus braços
banhou-me do teu perfume!
Feito dois querubins incólumes
adormecemos à maresia
nus dos nossos pecados
pelo nosso amor banhados
abençoados pelo novo dia!