Nossos ídolos são nossos espelhos...refletem nossa alma, e nos levam ao encontro de nossos desejos, nossos sonhos, nossas fantasias, nosso eu mais profundo...e nos tornam muitas vezes mais fortes, porque acreditamos neles!
Somos assim: sedentos por nos apaixonar, por acreditar, por nos sentir vivos...e é isso que nos torna seres tão incrivelmente sedutores e apaixonantes!
sábado, 29 de dezembro de 2007
sábado, 22 de dezembro de 2007
Crisálida adormecida
uma crisálida adormecida
Assim também eu nos teus braços
teus carinhos me acalantam
acordo banhada em adornos
Bato as asas pra te encantar
Não quero sair dos teus meios
Sou crisálida em sono profundo
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terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Apesar de...é Natal!
Tem uma menina com sua boneca
Tem uma anciã catando latinha
Debaixo da ponte, de papelão e jornal
Natal é tempo de que?
Natal não é vinte e cinco
Nascer é ter nova vida
Natal é nascimento
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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Dueto
Desejo te encontrar,você não vem
A porta se abre, a brisa te traz
Meus olhos se enchem de emoção
O tempo parece ter parado de novo
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terça-feira, 20 de novembro de 2007
Dia da consciência branca
Corpo dolorido
Sangrei por nada
Fui o burro de carga
A honra e a dignidade
Hoje tenho a certeza
De nada vale o orgulho
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terça-feira, 13 de novembro de 2007
Sensações
Ouço vozes espalhadas por minhas veias, pressinto diversos odores. Pulsam dentro de mim os mais variados sons. O vento assovia uma canção, dura, seca, um grito talvez desesperado de quem vê o que não é visível.
Na rua sem vida, vidas que se cruzam nas idas e vindas sem destino certo, seguindo um destino traçado por mãos alheias.
"Meu destino" é um equívoco. Não tracei, não escolhi nem posso me desvencilhar, marcado a ferro no ponto mais inacessível aos meus olhos. Dele nada sei, nem se o é de fato.
Ouço rugido de motores, cheiro o diesel queimado e pútrido de animais inanimados guiados por mãos de animais racionais, irracionados pelo que é inanimado mas rege a ordem da vida animal racionalizada.
Confusão? Conflito de idéias, sangue adulterado pela mistura (i)racional do que é ou não natural e saudável à vida que dizem ser minha.
"Minha vida" também é um equívoco. Não a tenho em minhas mãos, não sou dona de algo sobre o qual não possuo pleno controle, como me veio, pode me ser tirada. No máximo me foi gentilmente cedida, e do uso que faço dela depende se segue ou expira.
E EU sigo sem certezas, repleta de marcas, de vincos, de interrogações e falsas prerrogativas que me concedem intencionalmente a fim de que eu me sinta metaforicamente dona do próprio nariz. Este sim é meu. No sentido mais exato e real. Posso mandar arrancar, ou ornar-lhe com pingentes. E metê-lo onde bem entender. Ou simplesmente respeitá-lo como um bem único e intransferível, e deixar que me ajude a descobrir aromas e sensações que me façam sentir viva e dona de mim mesma. Mesmo que eu não o seja.
Já estou humanamente habituada à ilusão.
A crueldade do que é real fere mortalmente o SER humano.
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quinta-feira, 8 de novembro de 2007
É tarde amor...
Dizem que o amor não tem idade. Dizem que envelhecer hoje não é grave. Mas envelhecer e amar, conhecer e reconhecer o amor depois de uma certa idade é talvez a melhor tradução do que chamamos felicidade.
Há quarenta e cinco anos atrás, numa pequena vila rural do interior de São Paulo, casavam-se José Felício e Anastácia. Dois jovens de famílias muito humildes, ele com vinte e um anos, ela com vinte.Tinham no casamento meio arranjado e forçado, a esperança de constituir família, sair do campo e tentar a vida na capital.
Com a cara e a coragem, uma pequena bagagem arrumada em trouxas, Nastácia (como era chamada), embuchada pelo Filício (o moço mais regateiro da vila) partiram rumo à grande São Paulo. Na rodoviária da cidade mais próxima, contavam o dinheiro minguado, suficiente para duas passagens, dois pães com manteiga e duas médias.
A ida estava garantida. Chegando lá, a sorte haveria de prover seu sustento.
Não foi fácil, tal qual a história bonita que ambos ouviram durante toda sua vida sobre um menino chamado Jesus, muitas portas lhes bateram à cara, muitos nãos foram ouvidos, por muitas noites dormiram ao relento, aqueceram-se sob jornais e alimentaram-se de migalhas da bondade humana.
Entre catadores de lixo, Filicio aprendeu uma profissão. Entre o lixo acumulado debaixo de uma ponte seu filho veio ao mundo. Filicio, moço regateiro e namorador, chorou pela primeira vez uma dor sentida. Viu nos olhos de Nastácia, a vida que lhe fora roubada e que agora lhe era devolvida, em seus braços, gritando pelo leite que não vinha. Nastácia estava doente, fraca e desnutrida, seu leite não era suficiente para matar a fome do filho. Ela também chorou. Um choro mais dolorido do que o parto que lhe havia rasgado o ventre.
Por muitos meses Nastácia esteve entre a vida e a morte, e seu bebê cresceu feito as flores do campo. Sem jardineiro, sem cuidador, apenas pela força da natureza, seguindo o rumo natural das coisas. Passava de mão em mão, dividia o chão com insetos e animais, tomava leite azedo, ou misturado com água, e vivia, e crescia, e ninguém sabia como.
Aos poucos Filicio foi aprendendo as malícias da cidade grande, as malandragens da rua, Nastácia foi arribando, ajudando também na catação, engravidou mais uma vez, e outra, até encontrar uma alma caridosa que a orientou sobre métodos de "evitá fio".
_ Ô homi, compra lá a tal da camisinha, num quero embuchá de novo não, agora que as coisa tão meiorando. E lá foi o Filício para a farmácia, comprar a tal camisinha.
_ Ara, que raio de camisinha será essa? Camisinha que evita fio? Nunca que vô acreditá nisso!
Mas ele acreditou depois que a agente de saúde ensinou à Nastácia como se usava a tal camisinha. Achou esquisito, resistiu, mas era por uma boa causa, e acabou cedendo.
Aos poucos a vida foi se ajeitando. Ambos eram esforçados, apesar de ainda jovens, vinham de um lugar onde logo cedo se pegava na enxada. Sabiam trabalhar, sabiam lutar pelos seus sonhos. E lutaram.
Não enriqueceram, Filicio arranjava trabalho como servente em obras, construções, Nastácia arranjou vaga na creche para as crianças e foi fazer faxina em casas de madames. Alugaram um quarto e sala num bairro bem afastado do centro, mas bem melhor do que a ponte que os abrigou por tanto tempo.
Criaram seus filhos com dificuldade. Dos três, apenas um sobreviveu à violência e as agruras daquela vida marginal. Os outros não tiveram a mesma sorte. Por duas vezes, Nastácia e Filicio choraram a dor mais doída de suas vidas. Por duas vezes pensaram em desistir.
Mas havia um terceiro motivo que os impulsionava. O filho mais velho tinha sonhos, era diferente, queria ser alguém na vida, e lutava por isso. Não usava os pedaços de jornal para enrolar o baseado, lia os pedaços de jornal. Não roubava as frutas na feira, prestava serviços aos feirantes e ganhava frutas e legumes que trazia para casa. Não matava aulas na escola, sempre era o último a sair, acompanhava a professora o máximo possível, tirando dúvidas, contando causos.
Francisco (era esse seu nome) tinha sonhos. Divagava conversando com os pais, que, vencidos pelo cansaço cochilavam ouvindo o menino contar histórias sobre reinos e princesas, batalhas e príncipes. Francisco continuou sonhando, trabalhou pesado, deu orgulho e satisfação aos pais. Casou-se e teve dois filhos.
Nastácia e Filicio voltaram a sorrir quando os netos vieram. Voltaram a acreditar na vida. Com o passar dos anos Francisco pôde estudar o suficiente para arranjar um emprego melhor. Recebeu uma proposta de trabalho em outra cidade. Não se podia recusar uma sorte dessas.
Nastácia e Filicio, choraram sózinhos. Um choro de tristeza pela separação, mas ao mesmo tempo de satisfação por ver que seu menino estava se tornando alguém na vida. Que seus netos teriam melhor sorte do que eles, e do que os outros filhos que a vida lhes havia arrancado.
A despedida não foi fácil, deixar os netos que viram crescer e que tantas vezes alegraram seus dias partirem foi uma dor muito grande. Mas eles compreendiam que aquele seria talvez o maior bem que poderiam fazer por eles. Abençoaram o filho, a nora e os netos, deixaram que se fossem, ergueram os olhos em prece e pediram à Deus por aqueles à quem tanto amavam. Conservavam ainda a fé apreendida no seio materno, talvez seu único sustento em todas as durezas pelas quais haviam passado.
Agora a pequena casa tornara-se imensa. Em cada cômodo rastros e lembranças dos seus pequenos. A solidão compartilhada fez com que os dois chorassem juntos, abraçados, como nunca fizeram. Deitaram-se mais cedo, não quiseram ver a novela de todos os dias.
Na cama começaram a relembrar momentos de suas vidas, desde o baile em que se conheceram até os momentos mais difíceis.
_ Chega prá cá muié, agora semos só nóis.
Filício olhou ternamente o rosto de Nastácia, acomodando-a em seus braços. As marcas do tempo faziam caminhos em sua face, mas a beleza matuta ainda estava ali, a morenice que lhe prendeu e encantou, ela ainda conservava. Acariciou seus cabelos, maltratados e já bem grisalhos, sentiu, como não sentia a anos, desejo por sua mulher. Com as costas da mão já enrugada e calejada, roçou sobre a blusa os seios de Nastácia, que maltratados e flácidos, mas ainda cheios de vida, responderam imediatamente às carícias, e logo ficaram mais salientes provocando ainda mais o desejo de Filício.
Num arrepio Nastácia também sentiu desejo, mas não compreendeu.
Estranhou o que acontecia, há muito que seu marido não a procurava. Arriscou num sussurro "É tarde am..." e foi calada por um beijo, quente e úmido, talvez o melhor de sua vida.Beijaram-se ardentemente, entrelaçaram-se, perderam-se em carícias há muito esquecidas, entregaram-se àquele momento, e amaram-se.
Pela primeira vez, em quarenta e cinco anos.
"As pessoas envelhecem e morrem. O amor sobrevive."
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quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Surra de peia
Num sertão dos cafundó
Esses pobres, pai e filho,
A seca cruel e medonha
O pai em desatino de morte
O filho sem muita certeza
E assim a vida passava.
Mas o destino maltrata
Numa das suas mazelas
Num desses embates danados
Corre desajeitado,
Grita o pai embriagado:
No fundo do sítio seco
Corre moleque danado
O que houve não se sabe
A peia do pai malvado
Era tamanha a aberração
Vendo escorrer a sanguera
Arrastou seu pai de mal jeito
Depois desse episódio
O amor do pai e do filho
E os dois em meio à miséria
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terça-feira, 23 de outubro de 2007
O Milagre
Misturo os sons, embaralho os tons,desenho mil sóis,
Da terra me vem o aroma fresco da chuva anunciada pelas gotas serenas,
Desperta-se ao som do cantor mor, garboso e viril,
Como são lindos os filhotes de beija-flor.
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terça-feira, 16 de outubro de 2007
O último poema
É nossa canção.
Dança comigo agora
cola teu corpo ao meu
e, de olhos fechados
sente-me arder
na infinita alegria
de me saber tua.
Toma meus lábios.
Dá-me t...
Uma lágrima incontida deixa cair-se sobre a folha, manchando as letras e interrompendo a leitura. As mãos ocupadas nada podem fazer. Numa delas o diário, pesado demais para tanta fragilidade, e a outra, segura com carinho a mão de quem foi durante cinquenta anos seu companheiro de versos e de vida, mão cansada e marcada pelo tempo. Fraca, flácida e de uma palidez translúcida, mas quente o suficiente para uma última carícia.
Um sussurro. Continua meu amor, só mais este.
Os olhos marejados voltam-se para o papel, e a voz agora mais fraca continua o poema:
Dá-me tua língua
sedenta de mim.
Mergulha-a na minha boca
sorvendo todo mel.
Deita-me em ti
deixa aninhar-me em teus braços
acalanta-me agora.
Prepara meu corpo que é hora
de possuir-me.
Só tu tens esse direito
só tua sou de bom grado.
Vem com tua paixão ardente,
transforma meu corpo quente
na tua última morada.
Vem meu amado.
Um arrepio, um aperto forte no peito, quase uma súplica, trazem um sentimento de medo, dor, tristeza e saudades.
O som agudo e a linha reta do monitor cardíaco, confirmam que a poesia acabou. Ela fecha o diário, segura firme a mão já sem vida, mas que conserva ainda seu calor, e verte. Não lágrimas, mas versos.
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terça-feira, 9 de outubro de 2007
Rascunho
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sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Menos um
Terminou a parada, cada um pro seu lado, os home no encalço.
Havia uma pedra no seu caminho, no seu caminho havia uma pedra.
Já na delegacia, machucado pelas "pedras" do caminho, tinha que dar o serviço. Seu silêncio custaria muito caro.
Depois de alguns dias, algumas escoriações, fraturas, e traumas, estava de novo nas ruas. Entregue a própria sorte. Sorte seria se tivesse tempo de falar do que não foi falado.
Não teve.
O projétil, sem origem certa, tinha destino certo, certeiro. Veio num zunido, e com um filme, que em segundos o faria voltar ao passado. O seu, a única coisa da qual tinha a posse.
Lembrou-se das peladas no campinho, ao lado do lixão. Da primeira namorada, dos beijos quase sempre roubados, como tantas outras aquisições ao longo de sua pequena história. Lembrou-se do primeiro porre, o primeiro de muitos outros que vieram, seguidos de muitos outros deslizes. Baseados, carreiras, cachimbos, alucinantes, alucinados, alucinóginos.
Lembrou-se da velha mãe surrada pelo velho pai, surrado pelo filho, que era surrado pelo nada da vida. Que de tão cansados, (pai e mãe), ainda sentiam pena daquela pobre vida perdida. Lembrou-se do filho...um projeto ainda. O primeiro de uma vida.
Nenhuma lágrima, nenhum arrependimento.
Apenas um suspiro, o último. Aliviado.
Menos um.
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As cores do meu desenho
Pintaram de azul meu infinito,
Pintaram de rosa minha infância.
Pintaram de marrom o meu chão.
Pintaram de verde minha esperança.
Pintaram de amarelo o meu sol.
Pintaram de vermelho minha paixão.
Pintaram de preto meu pensamento.
Pintaram de branco minha paz.
E de muitas cores pintaram minha história.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Cálice
Segue abaixo uma releitura da música Cálice de Chico Buarque, pela banda Dr. Lao.
Vale à pena!
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segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Fala aí ó pá!
tem pernas, feito uma aranha
que arrrranha, se emaranha
enreda, envereda
faz, desfaz e se refaz.
Entre sons e tons diversos
entre sentidos inversos
entre parentes(es)tranhos
entre versos e reversos
tem contextos complexos
tem textos desconexos
tem estranhos sotaques
metáforas, antíteses, sintaxes.
Brincadeira de criança
feito menina ela dança
floreia, canta, arrasta
corre, bole, faz pouco
desdenha, desenha e arrasa
faz fogo virar fumaça
e fumaça virar fogo.
Só quem não se encanta
com essa menina faceira
quem não entra na brincadeira
perde metade da jornada
ou a jornada inteira.
Tem óchentes arrassstadoss
tchês e báhs cantarolados
um uai sô, de minerin
e aí mano, tá ligado fiii??
A poRta, a toRta, entoRta
arraxxxta, o malandro praieiro
faz da língua dessa gente
um grande e delicioso tabuleiro
onde a baiana arretada
mistura sua graça e gingado
à morenice bronzeada
da bela carioca faceira
com uma pitada de garra
da paulista e da mineira.
O guri do Sul se agarra
no leitE quentE vizinho
os capixabas da bera
não podem ficar sozinhos
vêm junto nessa empreitada
com outros tantos sotaques
dessa língua bem falada.
Goianos, matogrossensses
amazonenses, tocantinenses
pérrrnambucanos, cearenses
alagoanos, piauienses
maranhenses, sergipanos
rio grandenses, acreanos
rondonienses, Roraimianos
ou seria roraimenses?
Que mistureba danada!
Faz dar nó em pingo d'água
essa tal língua arretada
que tem nas suas raízes
o "ó Pá" detrásss dosss montessss
uma riqueza de formas
histórias, cantigas, e rimas
beleza em forma de versos
relatos de tantas vidas
nas linhas e traços imersos
em tantas lutas perdidas.
Báh guri, que lindeza de língua é essa?
Uai sô, num é que é bunita mess?
Ôche! É prá lá de porreta essa danada!
Aê mano, se liga nessa parada, fmz?
Eita, que essa língua é abençoada!
Fala aí ó pá! essst'é a língua purtuguesa.
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domingo, 30 de setembro de 2007
Espelho, espelho meu.
Bel era uma mulher comum, ao longo dos seus 37 anos já havia passado por muitas situações difíceis, e outras tantas insuportáveis. Agora, vivia um momento de calmaria, porém, uma rotina diária que parecia não mudar nunca. Era sempre o mesmo pálido, o mesmo “sem cor” todos os dias.
Cumpria uma rotina uniforme. Levantava-se as seis, tomava um rápido café, pretinho, básico, sem acompanhamentos, e saía para o trabalho. Era responsável pelo setor de relacionamentos de uma empresa de médio porte e morava sozinha já há algum tempo.
Naquele dia Bel acordou com uma energia diferente, uma vontade imensa de sentir-se bela, um desejo quase incontido de viver intensamente.
Bel havia a tempos optado pelo uso do metrô e do ônibus, já que morava numa grande capital, São Paulo, e de carro teria que enfrentar todos os dias um trânsito irritante e estressante, para o qual ela não tinha a menor paciência. Apesar da lotação dos ônibus, ela não se importava. Gostava de ter os olhos livres para observar as pessoas, os olhares, a mecânica quase incompreensível de uma grande cidade.
O ônibus como sempre lotado, fazia transpirar cada centímetro de seu corpo, e, quase sem notar, aquela situação lhe fazia imaginar coisas, os quarenta minutos de viagem tornavam-se intermináveis quando sua imaginação alçava vôo.
Sonhava com encontros românticos, uma paixão avassaladora, como as que costumava ler nos romances que adorava, com um amor digno dos grandes poetas, mas com pitadas de sensualidade e erotismo, que lhe causavam arrepios. Era uma mulher intensa e cheia de sonhos.
Sem que se desse conta, numa das paradas do ônibus, alguém que entra lhe chama a atenção de forma especial. Um homem alto, forte, de uma morenice encantadora. Uma beleza incomum, sem os tons da moda, mas com algo que mexia com sua imaginação. Talvez o olhar, que parecia ter um brilho especial, terno, suave, e prendia a atenção de uma forma estranha lhe fazendo sentir arrepios. O aperto do lotação fez com que aquele estranho viesse parar bem perto dela, ficando logo atrás; era possível sentir sua respiração, seu corpo quente, e foi impossível conter a excitação que aquilo lhe causava. Novamente os arrepios.
Ao se aproximar do ponto, seu companheiro de viagem, aquele estranho encantador,percebe que Bel dera o sinal da parada, e pergunta ao seu ouvido, quase sussurrando: “Você vai descer nessa chuva?” Novamente os arrepios, ela não conseguia responder, estava atônita com o contato inesperado, no máximo consegue responder um sim acenando com a cabeça. Bel vai em direção à porta do ônibus, prepara-se para descer, e percebe que é seguida. Seu novo amigo, desce com ela, e, num gesto quase inacreditável, retira sua jaqueta de couro, e a coloca sobre seu corpo, cobrindo-a delicadamente, e segurando-a quase num abraço.
Olham-se por um instante, e, num rompante, beijam-se em meio à correria de dezenas de pessoas atrasadas e apressadas para começar suas rotinas. Nada pára, o movimento continua a vida continua, mas para aqueles dois estranhos os ponteiros do relógio decidem que é hora de um descanso, o Sol decide demorar um pouco mais a se levantar, e, apenas brinda o dia com lampejos dos seus raios, em meio aquela chuva repentina.
Bel lembra-se de uma das suas cenas preferidas do cinema, uma das mais sensuais que já assistira, imagina-se nela, está em êxtase, coração acelerado, pelos eriçados, um transe incontrolável.
De repente, é puxada pela mão, é levada por seu adorável estranho a um beco, um lugar feio, sujo, medonho, um refúgio excitante aos amantes insanos e inconseqüentes. Vivem ali um momento de total entrega, uma loucura jamais imaginada, mas muitas vezes desejada, por aquela mulher sempre tão sensata e centrada, cumpridora dos seus deveres e compromissos. São levados ao ápice do desejo, explodem junto num gozo incontido e jamais experimentado. Bel não sabe sequer o nome daquele homem, mas entrega-se ao deleite daquele momento como se o conhecesse a anos, e como se aquele fosse o seu momento, a sua paixão tão esperada, o seu amor que chegou finalmente.
Mas são cruelmente interrompidos por um som estridente e ensurdecedor.
Trriiimmmmmmmmmmmmmmmm!!!!!!! Maldito despertador destruidor de sonhos!
Enfim, vida que segue!
Postado por Moniquinha às 11:15 1 comentários
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quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Meu jardim - Vander Lee
Uma deliciosa inspiração de última hora.
Postado por Moniquinha às 00:36 3 comentários
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quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Sobre (naturalmente) humana
Muitas vezes nos encontramos perdidos entre sombras e fantasmas que ficam arquivados na nossa memória. Nem sempre temos o resgate imediato desses registros, mas há momentos e situações que nos trazem á tona esses fragmentos, estilhaços, restos, que foram um dia afundados e, pensava-se, estarem para sempre esquecidos no mar das nossas lembranças.
Fui criança caseira, menina tímida e acanhada, criada nos moldes antigos e reservados da uma família humilde e politicamente correta.
Até os cinco anos, vivi num bairro simples, na cidade de Santo André (ABC paulista), vêm daí os meus primeiros fantasmas.
Numa rua com muitas crianças, uma época em que não se fazia muito calor naquela cidade, nas poucas e raras noites quentes, ou amenas, reuniam-se (as crianças) na calçada para brincar.
Passa anel, telefone sem fio, balança caixão, histórias de horror! Como era gostoso e ao mesmo tempo aterrorizante falar em fantasmas, almas penadas, monstros. Quem nunca teve esse gosto mórbido, que solte o primeiro grito, ou o primeiro uivo!
Não podia faltar entre as crianças daquela época, os mitos, as lendas, as histórias que os pais contavam quase sempre a fim de abrandar as almas inquietas e sapecas dos filhos.
Na nossa rua, no começo (ou no fim), nunca sei onde começa ou termina uma rua, havia um casebre muito velho, aparentemente abandonado, num terreno feio, todo desbarrancado e cheio de mato, onde diziam morar um velho feiticeiro mal e que não gostava de crianças.
Acho que aquele foi o meu primeiro fantasma. O segundo, veio logo após, e em conseqüência dele.
Estávamos numa dessas noites, sentados na calçada brincando, e falando do velho feiticeiro. Eu era uma das menores, devia ter uns quatro anos, mais ou menos, e morria de medo, apesar de nunca demonstrar, leonina valente que era.
Já escurecia, e mamãe nos chamou para entrar. Aterrorizada com as histórias, e doida para entrar logo, olhei para a Lua, buscando conforto em sua luz que ainda mantinha na rua um tico de claridade. Deparei-me então com meu segundo fantasma. Para meu desespero, a bela Lua havia se transformado num monstro horrendo, com chifres, olhos vermelhos e língua de fogo. Claro que tentei contar aos outros, maiores que eu, apontando o monstro e tentando convencê-los de que aquilo não era fruto da minha imaginação, muito menos do meu pavor. Sem sucesso, fui obrigada a entrar em casa, sentindo que aqueles olhos vermelhos iriam me seguir, por onde eu passasse.
Hoje, já sei que o velho feiticeiro era apenas um homem solitário e mal humorado provavelmente por causa das agruras da sua pobre vida, mas a Lua monstruosa, aquela que nunca mais me saiu da memória, tenho certeza, não foi fruto da minha imaginação fértil, muito menos do medo que eu fingia não ter, foi real, eu vi, e foi meu primeiro contato com o mundo sobrenatural, e o último, eu espero.
Situações diversas e muito além da imaginação de uma menina “avoada”como eu, fizeram com que nos mudássemos para o interior, onde moravam meus avós maternos.
Ali tive meu terceiro contato com o mundo sobrenatural, ou o que eu julgava sê-lo.
Família católica e tradicional, em cidade do interior, raramente recorria a médicos, sem antes buscar ajuda entre rezadeiras e benzedeiras. E estas foram, por algum tempo, fantasmas da minha meninice.Morria de medo daquelas pessoas, que ficavam me olhando, sussurrando um não sei que de coisas, passando folhinhas pelo meu corpo, me fazendo o sinal da cruz na fronte, aspergindo com uma folha molhada a minha cabeça e a minha roupa. Seu Chiquinho, dona Zulmira, Felipe Manhoso, pessoas estranhas e cheias de mistérios.
Hoje, levo meus filhos ao médico, e tenho que fazer um relatório detalhadíssimo, se quiser que o Doutor chegue a um diagnóstico razoável e aceitável. Naquela época, levava na benzedeira, e pronto, “tirava com a mão”, como diziam os mais antigos.Fé da rezadeira? Ou fé da minha mãe? Ou uma conjunção de crenças e ungüentos, que possuíam um misterioso poder curativo?
Ninguém sabe, ninguém viu, o certo é que essas personagens me assustavam profundamente.Hoje, compreendo que existem pessoas realmente iluminadas, com tal pureza de espírito e amor fraternal, que são capazes, sem nenhum conhecimento intelectual, de compreender os mistérios e segredos desse universo que rege nossa existência, a tal ponto que chegam a exercer sobre ele, certa soberania, curando, consolando, trazendo paz e alento em momentos de dor e sofrimento. E, sem pedir nem exigir nada em troca, a não ser, que se tenha fé nesse poder curador e restaurador, a quem damos o nome de Deus.
Recentemente estive á procura de uma dessas rezadeiras. O descontentamento com nosso sistema de saúde, e os lampejos de fé, herdados das anciãs da família, me faz por vezes resgatar o passado. Sem sucesso. Elas não existem mais, ou quase não existem, assim como a fé, que parece escoar entre nossos dedos, fugir aos nossos olhos, abandonar nosso coração cansado.
Em reuniões de família, eram comuns os causos e histórias do passado. Muitas dessas, sobrenaturais e cheias de mistério. Como a história da Pisadeira, contada por uma das tias. Meu quarto fantasma.Uma alma penada, que, se fizéssemos estripulia, viria nos visitar a noite. Chegava arrastando os pés, e balançava violentamente a cama. A única maneira de afastá-la, era rezando um creio em Deus pai (credo), até o final. Se parássemos no meio do caminho ela não iria embora, teria que rezar até o fim. Enquanto a tia contava, ficávamos de olhos atentos, assustados, morrendo de medo.
Chegava à hora de dormir, suspense, terror, medo. Por muito tempo senti minha cama balançar quando ia me deitar, e rezei, pelo sim e pelo não, vários credos. Nem sempre chegava ao fim, vencida pelo sono, mas conseguia espantar a tal alma que me atormentava e me tirava o sossego.
Ainda hoje tenho meus fantasmas pessoais e secretos. Sombras que passam de relance aos meus olhos, pequenos sons que vêm não se sabe de onde, geralmente à noite, quando todos dormem, e ficamos apenas eu e meus pensamentos. Nada que me tire mais o sossego, ou o sono, ou chegue a me atormentar a alma, apenas companheiros silenciosos nos momentos de solidão.
Com a entrada na adolescência, vieram os mitos da escola. E com eles, o mais conhecido e tradicional: a loira do banheiro. Meu quinto fantasma. Uma moça loira que havia sido assassinada em uma escola. Desde então, passou a assombrar os banheiros e os alunos, com suas aparições misteriosas, seu aspecto medonho, cheia de algodão no nariz, e sangrando muito. Algodões espalhados pelos banheiros, molhados em algum líquido vermelho, compunham um cenário medonho e aterrorizante, que confundia os mais medrosos, e criava um clima entre os alunos, que ia do medo à zombaria.
Mesmo já sabendo que se tratava de uma lenda, um mito, não custava nada examinar os banheiros antes de acomodar-se, e, quando possível, a prudência e o pavor, faziam-nos optar pelas turminhas. Assim, unia-mos nossos medos, e enfrentávamos a tal assombração. O que muitas vezes, acabava tornando-se uma boa farra.
Ainda hoje se fala na loira do banheiro. Porém agora, mais em tons de zombaria do que pavor. As assombrações de hoje são um pouco diferentes. Mas volto a elas depois.
Com a entrada na puberdade, a maturidade vem acompanhada de alguns fantasmas reais. Passa-se aqui, a entender melhor certos percalços da vida, e a sentir mais as perdas. As mortes de entes queridos passam a fazer parte das nossas lembranças, e a compor um sentimento de medo do desconhecido. Minha sexta experiência sobrenatural vem com essas perdas.
Perder alguém que se ama, e, de quem vai sentir-se a ausência como uma lança, a estocar o peito, nos faz muitas vezes desejar esse contato. Algo que nos traga um consolo, que torne menores a dor e a saudade, que nos dê sinais de um possível reencontro, que nos aquiete a alma e nos faça embalar essa dor, até que ela cesse, ou pelo menos, torne-se suportável.
Minha primeira perda realmente sentida vem com a morte do avô materno. Alguém cuja presença em minha vida, teve um valor sem medidas, mas do qual só me dei conta, após sua partida.
Por muitas vezes, desejei este encontro. Meu desejo suplantava o medo do deconhecido, do sobrenatural; o encontro não aconteceu, pelo menos não no plano material (ou imaterial), mas a alma aquietou-se, as lembranças boas se sobrepuseram ao sentimento doído da perda, e aos poucos, o coração tem aprendido a sentir essas dores, sem ressentir-se da crueldade do destino.
Com o passar do tempo, com a maturidade que chega muitas vezes a fórceps, feito um parto forçado e traumatizante, nossos fantasmas tomam forma e materializam-se. Perdem a inocência e tornam-se nossos inimigos reais.
Diante da violência do mundo moderno, e, vivendo num clima de insegurança e medo reais, conheci meu sétimo fantasma. Talvez o mais real e pavoroso.
Vivi com minha família momentos de extremo terror, sessenta minutos de medo, pelos quais vi passar o filme da minha vida, nos quais resgatei inconscientemente, grande parte da minha fé, (em Deus), e onde também perdi um bom tanto dela (nos homens).
Um assalto à mão armada, felizmente sem conseqüências mais graves, mas que nos trouxe um medo lactente, um clima de insegurança insuportável, e uma tristeza irreparável pela decadência do amor e respeito ao ser humano.
Por muitos dias dormimos amontoados, os cinco membros da família, num único quarto, de portas fechadas, passamos a nos recolher mais cedo, hermetizamos nossa casa com cadeados em todas as janelas e trancas nas portas, passamos a desconfiar das nossas próprias sombras. Senti saudades do velho feiticeiro, da lua tenebrosa, da loira do banheiro.
Felizmente, aos poucos a sensação de medo foi abrandando, mas não sem antes tomarmos como providência emergencial, a contratação de um guardião valente que nos protegesse do perigo, no caso, uma guardiã, uma cadelinha simpática e sem pedigree, amiga e companheira, que amenizou um pouco do pavor, e trouxe um tanto a mais de sossego à nossa casa.
Ao contrário dos outros fantasmas, este, não vai embora, não vai tomar forma de lembrança do passado, faz parte dos tempos modernos, e vai continuar a nos assombrar pelo resto de nossas vidas, ou, até que um milagre faça tocar o coração do homem, a ponto de fazê-lo perceber quanta riqueza se perde, quando se coloca o ouro (de tolo), acima dos bens naturais e preciosos da alma humana.
Mas os tempos modernos também nos trazem outros tipos de fantasmas, aqueles com os quais se pode vencer a teimosia e empáfia dos filhos, ameaçando e aterrorizando, ou por outra, tirar o sossego de pessoas normais, como donas de casa, totalmente dependentes de certos confortos da vida moderna.
Prive o homem moderno de suas necessidades materiais, e pronto! O terror está instalado. Tire o celular do trabalhador, da dona de casa, do estudante, e pimba, que medo! Tire o computador dos filhos, da dona de casa, do executivo, advogado, professor, e pow! Medo!
Meu cunhado vem para mim e diz: “Mônica, o pc está precisando formatar!” Isso significa alguns dias apenas sem ele, nada grave.
Um piscar de olhos, uma fração de segundo, e será preciso um pé de cabra para me desgrudar do bichinho. Deixa o coitado cheio de vírus, lento feito uma tartaruga, maluco de pedra, mas não o tire de mim, não me prive da sua companhia, isso não.
Como disse Vanessa da Mata: “Eu tenho medo do escuro, tenho medo do inseguro, dos fantasmas da minha voz!”.
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domingo, 23 de setembro de 2007
Teu corpo, meu porto
Ah, que azul encantado, nesse horizonte encarnado!
Ah, valei-me meu pai do céu, estou a arfar feito bicho,
Pobre alma essa, perdida. Ai de mim, que padeço esse mal!
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Mas que consolo, me vem de súbito? Que calmaria, que doce euforia?
Agora, o mar que era revolto, é maresia, torna-se outro.
Postado por Moniquinha às 19:15 2 comentários
Marcadores: Aquarela, Meus versos
34 anos sem Neruda
Hoje, peço lincença aos meus amigos, leitores e visitantes, e cedo meu espaço, minha voz, minha alma, ao amor maior, cantado em verso maravilhosamente por ele.
No dia 23 de setembro de 1973 morria o poeta Pablo Neruda, de câncer. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1971, o escritor tem em sua obra livros como "Versos do capitão", que chegou ao Brasil em 1992 e conta um amor proibido. A história foi vivenciada pelo próprio Neruda, que mantinha um relacionamento enquanto casado. O nome da musa era Matilde e o autor se separou da mulher para ficar com ela até o fim da vida. Parte da vida de Neruda foi retratada no filme "O Carteiro e o Poeta", em 1994.
Segue abaixo, um vídeo com um dos seus mais belos poemas, e a tradução.
Postado por Moniquinha às 02:50 2 comentários
Marcadores: Cinemateca, Outros autores
Poema 20
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo.Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo.
Postado por Moniquinha às 02:33 1 comentários
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sábado, 22 de setembro de 2007
Voo rasante
Agora eles se fecham,
Crio asas, voo rasante,
Vou em busca, de nada ou de tudo,
Postado por Moniquinha às 13:39 1 comentários
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sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Labirinto
Postado por Moniquinha às 22:23 3 comentários