Somos assim: somos o que pensamos, o que sentimos...e somos acima de tudo, aquilo em que acreditamos!
Nossos ídolos são nossos espelhos...refletem nossa alma, e nos levam ao encontro de nossos desejos, nossos sonhos, nossas fantasias, nosso eu mais profundo...e nos tornam muitas vezes mais fortes, porque acreditamos neles!
Somos assim: sedentos por nos apaixonar, por acreditar, por nos sentir vivos...e é isso que nos torna seres tão incrivelmente sedutores e apaixonantes!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Fala aí ó pá!

Nossa língua tem artimanhas,
Nossa língua tem artimanhas
tem pernas, feito uma aranha
que arrrranha, se emaranha
enreda, envereda
faz, desfaz e se refaz.
Entre sons e tons diversos
entre sentidos inversos
entre parentes(es)tranhos
entre versos e reversos
tem contextos complexos
tem textos desconexos
tem estranhos sotaques
metáforas, antíteses, sintaxes.

Brincadeira de criança
feito menina ela dança
floreia, canta, arrasta
corre, bole, faz pouco
desdenha, desenha e arrasa
faz fogo virar fumaça
e fumaça virar fogo.
Só quem não se encanta
com essa menina faceira
quem não entra na brincadeira
perde metade da jornada
ou a jornada inteira.

Tem óchentes arrassstadoss
tchês e báhs cantarolados
um uai sô, de minerin
e aí mano, tá ligado fiii??
A poRta, a toRta, entoRta
arraxxxta, o malandro praieiro
faz da língua dessa gente
um grande e delicioso tabuleiro
onde a baiana arretada
mistura sua graça e gingado
à morenice bronzeada
da bela carioca faceira
com uma pitada de garra
da paulista e da mineira.
O guri do Sul se agarra
no leitE quentE vizinho
os capixabas da bera
não podem ficar sozinhos
vêm junto nessa empreitada
com outros tantos sotaques
dessa língua bem falada.
Goianos, matogrossensses
amazonenses, tocantinenses
pérrrnambucanos, cearenses
alagoanos, piauienses
maranhenses, sergipanos
rio grandenses, acreanos
rondonienses, Roraimianos
ou seria roraimenses?
Que mistureba danada!
Faz dar nó em pingo d'água
essa tal língua arretada
que tem nas suas raízes
o "ó Pá" detrásss dosss montessss
uma riqueza de formas
histórias, cantigas, e rimas
beleza em forma de versos
relatos de tantas vidas
nas linhas e traços imersos
em tantas lutas perdidas.



Báh guri, que lindeza de língua é essa?
Uai sô, num é que é bunita mess?
Ôche! É prá lá de porreta essa danada!
Aê mano, se liga nessa parada, fmz?
Eita, que essa língua é abençoada!
Fala aí ó pá! essst'é a língua purtuguesa.







Um comentário:

BLOG DO ZÉ ROBERTO disse...

Nossa lingua é riquíssima em dialetos e sotaques, alguns deliciosos com o o mineiro. Essa sua poesia é deliciosa de se ler. Um primor mesmo e passeando pelos seus versos eu passeio pelo Brasil, sua cultura e seu povo, que nos brinda com palavras, e expressões próprias de cada região, algumas que só com glossário são entendidas. Sua poesia crece em beleza a cada dia Monica e essa merecia entrar no livro coletânea, pode acreditar. Beijos minha linda, amei mais esse trabalho seu.