para da tua cuidar
e dela só consegui
o leito prá me deitar
Corpo dolorido
sangue escorrido
nas chibatas e no tronco
no duro castigo
Sangrei por nada
sangrei por tudo
e com o vermelho do meu sangue
escreveste sua históri
ae ganhaste a sua glória.
Fui o burro de carga
fui a negra da senzala
fui a ama de leite
fui a amante indolente
fui o negro fujão
fui o capacho, o estorvo
fui o liberto abusado
só não fui nunca gente
muito menos respeitado.
A honra e a dignidade
à força foram resgatadas
Por Zumbi, negro bendito
um líder do negro sofrido.
Hoje tenho a certeza
meu sangue não tem nobreza
mas corre nas minhas veias
o mesmo vermelho vivo
que tantas vezes limpei
nas regras e curativos
do branco ingrato e altivo.
De nada vale o orgulho
a arrogância o esnobismo
na hora da dor e da morte
não temos cor nem valia
somos pequenos e pobres
incapazes e sem valentia.
O pó de que fomos feitos
na vala profunda um dia
será a coberta do leito
donde encerra nossa agonia.
Imagem: Café - Cândido Portinari
2 comentários:
Belissimo trabalho Monica. seus versos retratam muito bem esse dia da consciência que é realmente branca e eu diria de todos nós. Belo, amei!!! Beijão!
Mônica, deixa eu ir me apresentando: Sou o Ricardo da Nova Coletânia.
Parabéns!!!
Gostei daqui.
Beijos, flores e estrelas querida.
Postar um comentário