Divido o silêncio atordoante da madrugada
com amigos nada convencionais
e muito menos bem vindos
Soturnos, escondidos...
em suas cascas, casas, esconderijos
secretos e subterrâneos
asquerosos, escrotos, subcranianos...
Por trás das frestas são parasitas famintos
vivem no lixo, prolixos... reviram o estômago
espreitam pelos vãos suas vítimas
vão sugando...sangue-sugas
sugam...secam...cegam
engôdo em pele de insetos
asquerosos, putrídos, ordinários.
Uma barata passa correndo...
lá vai ela, esfusiante...na sapatilha
sapateio...ploft!
Escorre o sangue pestilento...
morte a todos os parasitas, as peçonhas
e insetos nojentos que insistem
em percorrer, invadir e atasanar minha noite
espreitar e contaminar minha madrugada
atordoar minha mente.
Baratas...aranhas...vermes...ploft!
pernilongos...longos pensamentos...
pensamentos pernósticos
pensamentos vadios...
moscas, varejeiras...ratazanas...pow!
pensamentos...pensamentos...em vãos
pensamentos...pensamentos...vãos.
...
Matei a barata!
Descerebrada, o vão que me conforta
é o espaço entre o verme que atormentava
e a lucidez exacerbada de todos os dias.
Nossos ídolos são nossos espelhos...refletem nossa alma, e nos levam ao encontro de nossos desejos, nossos sonhos, nossas fantasias, nosso eu mais profundo...e nos tornam muitas vezes mais fortes, porque acreditamos neles!
Somos assim: sedentos por nos apaixonar, por acreditar, por nos sentir vivos...e é isso que nos torna seres tão incrivelmente sedutores e apaixonantes!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
PLOFT!
Postado por Moniquinha às 23:56 2 comentários
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Cirúrgico
Com a minúcia de um cirurgião
tomo de um bisturi...afiado, cortante
invisto sobre a pele ardente...arfante...
milimetricamente vou rasgando...abrindo
o vermelho jorra...quente, abundante
preciso estancar...gazes secas, estéreis...
preciso parar de jorrar...
Seco o sangue que verte...lá dentro há vida
ainda há...pulsando...gritando...golpe fatal!
Enfio o bisturi...mato, rasgo, corto em pedacinhos...
já sem vida, junto o que restou do que era
e atiro aos abutres que esperam do lado de fora!
Pronto! Com a imaginação aguçada de um poeta
o sangue frio de um "serial killer", e a astúcia
de um "Alfred Hitchcock"...matei você!
Arranquei do peito, e joguei pros bichos!
Agora o mais fácil...suturar o corte...voltar a viver
e encontrar um novo amor!!
Nada que um "James Cameron" não seja capaz de fazer!
Postado por Moniquinha às 23:54 0 comentários
Marcadores: Meus versos
(In)consciência
Quem és tu, vulto sem face, ave soturna?
Lanças olhares de pedra na minha sorte
Fulguras por entre frestas inoportuna
espias feito abutre cheirando a morte.
Estocas teus olhos frios em minha pele
procuras entre meus seios a tua alma
vasculhas por entre os meios o que revele
as linhas que te delatem na minha palma.
Quem és tu, para despir-me, e sem pudores
revelar-me os segredos e os pecados
desferir-me em duro golpe os desamores?
Te afastas agourenta, não tens medida!
És vulto atrás do espelho, renegado
és a negra consciência que me avilta!
Postado por Moniquinha às 23:52 0 comentários
Marcadores: Meus versos
domingo, 14 de setembro de 2008
Foto: Sheila Tostes
Daqui da minha janela
vejo alamedas floridas
margaridas, violetas
beijos e beija-flores
rosas...ah! Tão belas as rosas!
Daqui da minha janela
vejo e ouço a passarada
tão livres, tão soltos, tão...
tão céu, tão azul
daqui...da minha janela.
Dessa minha janela
não vejo cinza, nem sangue
não vejo o grito nem ouço
o estampido...perdido
daqui, da minha janela.
Dessa minha janela
é, essa que olha ao longe
só o que vejo são sorrisos
alaranjados, furta-cores
sorrisos vivos, sem fome.
E, mesmo quando eu fecho
(a minha janela) ainda assim
ainda assim eu vejo
através, e vejo ainda mais belos
tantos e tantos cenários.
Daqui, da minha janela.
É tão bela essa minha janela!
Ah, quem dera o mundo inteiro
pudesse enxergar através dela!
Daqui...da minha janela...
Quem dera!
Postado por Moniquinha às 11:25 0 comentários
Marcadores: Meus versos
Vazio
As palavras silenciam
e ficam lacunas no ar...
Pensamentos soltos
e desordenados
criam asas...
São anjos e demônios
suaves e grotescos...
bem e mal...
Tudo se mistura
funde-se...
no meu silêncio
e o que resta
são sussurros...
ou urros...
num vazio escuro...
medonho...
abissal!
Postado por Moniquinha às 11:18 0 comentários
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